quinta-feira, 8 de março de 2012

Soma.

Pessoas que não somam algo ao mundo em que vivem não são pessoas. São coisas. Ou estão numa condição análoga à de coisa (para não ser assim tão cruel).
Bom - alguém deve estar pensando - há quem some dor, maldade, raiva, discórdia ou tristeza no mundo. Penso que estes devam estar excluídos do raciocínio; afinal, somar deve se referir apenas a pontos positivos... Trazer raiva ao mundo é diminuí-lo. Não somar e nem diminuir nada ao mundo é desprezá-lo. E quem despreza ou diminui o mundo não merece estar nele.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Imensuráveis.

Eu com meus erros
Tão errados
Tão errôneos
Tão hereges
Tão eróticos

Erros irrelevantes
irresponsáveis, irracionais

Irritantes, irreverentes, irreprimíveis

Insensatos, insensíveis...
Erros com "e"s, com "i"s, com "erres"
Erros indescritíveis...

domingo, 29 de maio de 2011

Constatação.

Já estive pronto para chorar de verdade, lacrimejar...
Já superei e não estou mais pronto para isto. Agora, quero apenas o futuro.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A definição de vida.

Quando eu era pequeno, minha definição de vida estava restrita aos olhos, à visão ou ao olhar (hoje, meu pragmatismo cotidiano não me permite saber qual dos três seria o mais adequado).
Digo isto porque quando eu tinha três anos de idade (lembro muito bem), eu fechava os olhos e pensava que o mundo escurecia por completo e ninguém mais via nada.
Mesmo assim, minha então inocência não me permitia acreditar que eu era o centro do universo (algo facilmente concluível por mentes adultas). Apenas pensava que, ao fechar os olhos, o mundo inteiro ficava sem luz, sem vida. Pura, simples e inocente constatação. E, antes que eu esqueça: vida é aquilo que há quando estou com os olhos abertos. Muito bem abertos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Duas certezas.

Como sou? Às vezes falto, outras até sobro. É complexo nivelar-se ao ponto exato de satisfação dos atos, tendo em vista que o referido espectro é muito amplo... Aliás, quem não é assim? E quem determina o tal ponto de satisfação da forma de agir alheia? Ora, cada um tem o seu, o que torna ainda mais inútil o esforço.
Como dá gosto conversar com quem está ciente disso! Infelizmente – é uma certeza que tenho – é comum cobrar a perfeição alheia, mesmo não sendo perfeito. Mas deixemos estes pra lá. A certeza da morte, em alguns casos, já é um conforto.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Pseudo.

Vento, o mais delicioso e perfeito dos abraços. No vento, o mais ferozmente batalhado dos passos. De onde vem, para onde vai? Só importa é que passa! A mais bela das passagens. O passar é seu segredo, e não a origem, e não o destino, somente a viagem! Que importa o futuro? De que adianta a história? Só importa é o presente, quiçá o gerúndio. Vento passando, amando, sorrindo, levando sem maldade... Suave ou forte, zumbindo, cantando. Que leve o pó para o infinito, a alma à eternidade.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Monossílabos.

Hoje já tenho certeza de que nasci apenas para entrelaçar-me entre uma celeuma de palavras soltas, em quantidade – sem modéstia – enorme, tal como faz um felino com um novelo de lã. Tenho a mais absoluta certeza de que não fui agraciado por meus genes com o dom de colocar essas palavras em ordem, e compor uma bela prosa. Não sinto ausência de palavras, mas de um encaixe... Se não for um encaixe hermenêutico, é então puramente fonético, mas dele careço.
Contudo, esta lógica (ou a falta dela) não se aplica a minha relação com os monossílabos. Deles, pois, sei fazer uso, talvez muito ligado ao pragmatismo que cultivo. Aliás, sobre isto só convém pensar o quanto um monossílabo bem usado pode ser eficaz na tarefa de fazer desmoronar o ego de uma pessoa, aniquilar até mesmo sua mais pífia esperança... Ou não? Além do mais, não é perfeitamente possível nascer para uma coisa e fazer outra?