segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Monossílabos.

Hoje já tenho certeza de que nasci apenas para entrelaçar-me entre uma celeuma de palavras soltas, em quantidade – sem modéstia – enorme, tal como faz um felino com um novelo de lã. Tenho a mais absoluta certeza de que não fui agraciado por meus genes com o dom de colocar essas palavras em ordem, e compor uma bela prosa. Não sinto ausência de palavras, mas de um encaixe... Se não for um encaixe hermenêutico, é então puramente fonético, mas dele careço.
Contudo, esta lógica (ou a falta dela) não se aplica a minha relação com os monossílabos. Deles, pois, sei fazer uso, talvez muito ligado ao pragmatismo que cultivo. Aliás, sobre isto só convém pensar o quanto um monossílabo bem usado pode ser eficaz na tarefa de fazer desmoronar o ego de uma pessoa, aniquilar até mesmo sua mais pífia esperança... Ou não? Além do mais, não é perfeitamente possível nascer para uma coisa e fazer outra?

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